quinta-feira, 12 de março de 2009

Por toda estranheza do meu ser.

Era uma noite chuvosa e muito fria, minha mãe diz que estava quente no quarto de hospital, mas lá fora o vendo intercalava entre uivos medonhos com um frio romântico. Foi nesse clima que eu nasci, justamente neste clima, e isso me faz indagar se nossa personalidade não está envolvida com a temperatura que o mundo nos acolheu e nos envolveu assim que demos a cara por aqui. É tão confuso, estava hoje mesmo analisando, tenho uma prima que nasceu em um dia normal, e ela é tão amena que me assusta tamanha passividade.

Comigo nasceu um bando de estranhos que habitam em mim. Consigo ser, por incrível que pareça, tão dócil e ao mesmo tempo tão fria que não tem outra palavra que chegue tão próximo de mim quanto a confusão. Não defino minha identidade, e muito menos meu jeito de ser. Sou complexa, e isso me basta. Sou fria quando não devo ser, e risonha quando, também, não devo ser. Dias atrás, eu obtinha um buraco profundo no coração, e isso me fazia tão bem, era calmo aquilo tudo, e eu me considero uma daquelas tempestades que vem depois de muito calor e sol, qualquer ausência de calmaria na alma ativa meu jeito todo precipitado, ansioso e confuso de ser, e de amar. O fato é que, além do meu ‘eu’ ser tão estranho para todos os meus outros ‘eus’, eu sou emocionalmente imprevisível, e tenho um medo terrível do amor. Ele me assusta, é o único sentimento que me faz sentir pior comigo mesma, pois a única coisa que me faz ser boa, é acreditar que eu vim de um lugar sublime, em alto, igual a uma chuva devastadora; então, qual direito eu tenho de amar, se sou tão imprevisível, a ponto de ser, aparentemente, tão fria, e por dentro, o calor que me habita, me machuca e me queima aos poucos, e de uma hora para outra, tudo se reverte, e não consigo evitar um jeito tão romântico, e ao mesmo tempo com trovões e relâmpagos demonstrando toda minha angustia, ansiedade ou sei lá o que, e depois, volto a ser fria novamente?

Gosto de falar que não presto, mas na verdade, faço apenas para não assustar as pessoas com tamanha estranheza e complexidade, que modéstia a parte, assusta até à mim, e tenho culpa? Não sei.

Só sei que entre todas as coisas que ignoro, a minha preferida é não saber como acabou aquela tempestade da noite onde uma grande confusão pessoal nasceu em forma de pessoa.

5 comentários:

Thais disse...

bom, acho que eu tbm te definiria como sendo... é... hmmm... um tanto complexa! [:D]

aaai, adoreeei o texto Marry!
\o/

beeijos ;*

Isa disse...

Pois é. Se entender é mais difícil do que entender qualquer outra coisa nesse mundo.

Muito bom o texto, Marry!
Beiijos ;*

Marcela disse...

owin, que texto maaaais fofo! O último parágrafo é arrepiante (: Beijão, Marry :*

Flávia disse...

o bando de estranhos que nasceu comigo e habita em mim anda me pregando umas peças. Como é que a gente faz pra dominar uma legião de 'eus' rebeldes?

Beijos!

Dani Fernandes disse...

Lindo texto, Marry. E, em muitos pontos, me serviu como uma luva. Complexa, aparentemente fria, ri nas horas erradas, fala demais, tem um bando de "eus interiores", um mais confuso que o outro....
Fa zer o que? Só temos que aprender a nos acostumar com eles. E às vezes é tão difícil.

Beijão, lindinha!!! *-*