Duas e cinquenta e dois da manhã, quarta feira, vinte de outubro de dois mil e dez. Horário de verão, frio de uma madrugada brasileira qualquer. Sem sono, sem insônia. Precisamente, duas doses de calmante e uma xícara de café.
Eu ainda tenho telefone em casa (ainda, porque divido a casa com duas pessoas), mas não quero que toque. Não quero que nunca toque. Prefiro continuar ouvindo apenas a música e lendo algum conto por aí. Sabe, tenho mania de adorar obras de gente morta, quase um vício, salvo umas excessões. Digamos que sou um zumbi que sustenta o vampirismo, é.
A minha janela está semi-aberta e não sei se alguém passará pela calçada, sei que as folhas da árvore estão graciosamente fazendo ventar sobre todo o seu redor, e meu cabelo está indiferentemente frizzado. Vai chover, tomara que chova. Me dá vontade de sair por aí e tomar um café em qualquer lugarzinho vinte quatro horas. Acender um cigarro, um incenso e acordar uma cartomante.
Não sei. Tenho uma nítida impressão de que as pessoas são feitas pelo vento. Deixo ele encher meus pulmões e me empurrar para qualquer lugar.
Em tempos mortos é tão mais fácil escrever sobre as coisas ao seu redor, as coisas que tempos atrás, não percebia.
8 comentários:
"Tenho uma nítida impressão de que as pessoas são feitas pelo vento. Deixo ele encher meus pulmões e me empurrar para qualquer lugar.
Em tempos mortos é tão mais fácil escrever sobre as coisas ao seu redor, as coisas que tempos atrás, não percebia. "
Linda a postagem. Simplesmente linda. Gostei de suas palavras no início ao fim, mas, esses dois parágrafos, foram os meus preferidos porque me definiram por eu ter o mesmo pensamento que o seu em relação ao vento e fazer o mesmo também, respirá-lo e andar para ver até aonde eu posso chegar e descobrir qual é o meu limite.
Ah, e sobre o segundo parágrafo que destaquei nesse comentário, bem, o presente às vezes não é tão notado ou tão vivido como deveria ser, infelizmente. Mas vale relembrá-lo, vale dizer que esse suposto presente tornou-se inesquecível e que "em tempos mortos", como você mesma disse, ele te faça viver um pouco mais, respirar um pouco mais e aproveitar o vento, o caminho, os passos.
Como está escrito em Eclesiastes, "tudo tem seu tempo determinado". Abraços.
Quero aproveitar e lhe convidar para ler “Para o final a contemplação” no meu http://jefhcardoso.blogspot.com
Será um prazer lhe receber.
“Para o legítimo sonhador não há sonho frustrado, mas sim sonho em curso” (Jefhcardoso)
eu gostei do termo 'tempos mortos'.
os textos de madrugada são os melhores. é preciso, algumas vezes, de silêncio, tempo e café pra perceber algumas coisas.
se cuida :*
Tem selo :*
Uau! vc escreve muitíssimo bem!
sem querer achei alguém que se mistura ao vento como eu.
muito bom esse post,fiquei agora ansioso pelo próximo, sorte com as palavras...
amei teu blog :)
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