quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Às vezes o que eu vejo, quase ninguém vê.

Duas e cinquenta e dois da manhã, quarta feira, vinte de outubro de dois mil e dez. Horário de verão, frio de uma madrugada brasileira qualquer. Sem sono, sem insônia. Precisamente, duas doses de calmante e uma xícara de café.
Eu ainda tenho telefone em casa (ainda, porque divido a casa com duas pessoas), mas não quero que toque. Não quero que nunca toque. Prefiro continuar ouvindo apenas a música e lendo algum conto por aí. Sabe, tenho mania de adorar obras de gente morta, quase um vício, salvo umas excessões. Digamos que sou um zumbi que sustenta o vampirismo, é.
A minha janela está semi-aberta e não sei se alguém passará pela calçada, sei que as folhas da árvore estão graciosamente fazendo ventar sobre todo o seu redor, e meu cabelo está indiferentemente frizzado. Vai chover, tomara que chova. Me dá vontade de sair por aí e tomar um café em qualquer lugarzinho vinte quatro horas. Acender um cigarro, um incenso e acordar uma cartomante.
Não sei. Tenho uma nítida impressão de que as pessoas são feitas pelo vento. Deixo ele encher meus pulmões e me empurrar para qualquer lugar.


Em tempos mortos é tão mais fácil escrever sobre as coisas ao seu redor, as coisas que tempos atrás, não percebia.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Dois anos de blog.

Só para constar, nunca deixaria em branco.

domingo, 17 de outubro de 2010

Coisas de balanceamento.

Posso até parecer quebrada, frágil, doente, neurótica, fracassada. Mas somente eu sei o preço que paguei por isso, e valeu o fato d'eu saber que pelo menos pulei no precipío sem ter medo de ter o vento batendo no meu rosto.

P.S.: Quando penso que fui uma completa imbecil, lá vem Pessoa sussurrar de novo em mim: "tudo vale a pena se a alma não é pequena".

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Só porque há cores.

Sabe, me acho pesada.
Não de balança, não de banha. Mas pesada de alma mesmo. Peso tal que tudo é intenso, tudo é mais concentrado, mais radicalizado, mais mortal, mais vital. Li uma vez que os animais não são capazes de amenizar sentimentos, então quando um animal sente, ele sente de verdade, com todo o peso da alegria, da tristeza, do desejo. Os seres humanos conseguem amenizar tudo isso, conseguem sentir em uma intensidade menor, não sofrem tanto. Sei lá, lendo aquilo me senti uma animal irracional, aliás, me sinto assim até hoje.
O que reclamo e o que me alegro não chegam nem na metade do que realmente sinto, e quando digo que está tudo doendo, é por que dói de verdade. Lá no fundo, entende? Num lugar que não sei explicar ao certo. Dói porque meu coração está extremamente machucado de amar errado. Essa ladainha toda de ter um ou outro gostando de mim e eu morrendo de amores por quem não sente absolutamente nada. É um porre.
Jurei para mim mesma que não irei mais escrever dela. Ela nem anda falando comigo, e eu venho aqui para falar dela? De novo e novamente? Por Deus, me sinto ridícula.
Existem cores no mundo, entende? Cada sentimento é uma cor, cada pessoa é como se fosse um pixel disso tudo. Por mais que branco e preto sejam bonitos e tudo mais, existem cores. Ora, o que acabo de escrever? Sei lá, oras. Sei que o amor é o filmezinho francês em branco e preto, todos desejam ter um desses em casa e acabam esquecendo do resto. Do churrasco no feriado, da amiga indecisa, do amigo satânico, da tia religiosa. Do que te faz rir.
Já viram filmes franceses em branco e preto? É uma guerra. Lindissímo, mas tão diferente da Disney, onde tudo acaba feliz. Existe medo, bebida, cigarro, tapas, sexo, choro, ciúme. É amor, puro amor em forma de filme. Faz com que (sofrer por) amor seja bonitinho e fascinante, mas na realidade, dói. Machuca, cansa, se torna patético, é uma merda. E mais um monte de coisas.
Sei lá. Tudo o que queria era escrever algo leve, mas não acho que consegui. Assim como nunca consegui fazer alguém me amar por algo doce que escrevi.

P.S.: Desculpem o peso, mas escrevo somente com a alma, e isso não sei mudar.
P.S. do P.S.: De forma prepotente, entendo como Caio e Clarice (sobre)viveram. Eles viram o que outros não viram. Viram que há cores no mundo. Há co-res, felizmente.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Não precisa ser vidente, meu bem.

Chorarás, falarás até irritar todos ao teu redor, sorrirás forçado, ouvirás música tola, pensarás em se matar durante todas as noites frias, perderás a razão, odiarás sem motivo, correrás além do horizonte, andarás sem parar, tomarás chuva para tentar limpar tua alma, beijarás bocas totalmente estranhas, beberás, tentarás esquecer todo santo dia.

Conseguirás.

P.S.: sei do que estou dizendo, de verdade.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Amor demais dá nisso.

Juro que venho todo dia tentar dizer algo, mas é realmente complicadissímo escrever qualquer coisa quando tudo em você insiste em somente abraçar aquela pessoa e ficar repetindo: Eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo...