Sentada na calçada, toda enxarcada pela chuva que ainda caia, a garota analisava o cara do outro lado da rua. Um cara jogado ao além, cheio de desdém pela sociedade inútil e ainda mais lotado de fumaça no cérebro. Tudo ao seu redor mostrava que nada mais sobrara, a não ser besterol e conformismo de uma gente que talvez saiba onde vai, mas não sabe porque está indo. Ela então olhou para seu all star todo surrado e sujo, para sua mochila com uma ou duas peças de roupa, e descobriu que também não sabia porque fugia. Em todo lado estaria infestado de gente sem sal nem açúcar, que sorri quando acha que deve e que também simula um choro aqui e outro ali quando acha mais propício; gente que, no fundo, simplesmente não se importa com nada além de si mesmo. Gente diferente da garota, do drogado do outro lado da rua e de diversas almas por aí; um povo sem vontade de protestar contra tudo que lhe faz mal, tudo que destrói seu moral, simplesmente porque deixa essas coisas entrarem em sua mente como veneno, corroendo-a o máximo que puder. Um pessoal que não faz parte da geração que um dia girou o mundo com todas suas ideologias; não, esse pessoal não faz parte da geração da Disney mágica e brilhante. Faz parte de uma geração de Disney dos Jonas Brothers, do ácido cerebral chamado Lady Gaga e de uma série de correntes segurando o pensamento. E é justamente essa geração que maltrata a garota, como murros no estômago, uma raiva de ser de uma geração que não lhe pertence. Porque a sociedade atual ensinou todos se conformarem em serem iguais, banais,cegos, e surdos mas se esqueceu de ensinar como se livrar dela.
4 comentários:
Essa garota podia ter meu nome.
Simplesmente banal ser igual, mas sem perceber, querendo ou não, todos caminham no mesmo rumo. Geração, comunicação e falta de opinião.
Marry, leia sobre os Provos, tenho certesza que você vai adorar.
Eles também tavam cansados da geraçãozinha "mandou-obedeci" deles e deram um jeito bem original de se revolucionar.
Eu me encantei, pelo menos.
Isso me lembra uma tirinha do Quino (autor da Mafalda, mas a tirinha não era da Mafalda) Ele fala basicamente da igualdade e da exclusão do diferente. Acho que foi sempre assim, a diferença mesmo é que antes, sim, haviam uma maior indgnação diferentes não ouvidos, hoje, somos muito mais acomodados, menos inquietos, menos revoltados.
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