quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Uma sociedade não tão alternativa, percebe-se.




Sentada na calçada, toda enxarcada pela chuva que ainda caia, a garota analisava o cara do outro lado da rua. Um cara jogado ao além, cheio de desdém pela sociedade inútil e ainda mais lotado de fumaça no cérebro. Tudo ao seu redor mostrava que nada mais sobrara, a não ser besterol e conformismo de uma gente que talvez saiba onde vai, mas não sabe porque está indo. Ela então olhou para seu all star todo surrado e sujo, para sua mochila com uma ou duas peças de roupa, e descobriu que também não sabia porque fugia. Em todo lado estaria infestado de gente sem sal nem açúcar, que sorri quando acha que deve e que também simula um choro aqui e outro ali quando acha mais propício; gente que, no fundo, simplesmente não se importa com nada além de si mesmo. Gente diferente da garota, do drogado do outro lado da rua e de diversas almas por aí; um povo sem vontade de protestar contra tudo que lhe faz mal, tudo que destrói seu moral, simplesmente porque deixa essas coisas entrarem em sua mente como veneno, corroendo-a o máximo que puder. Um pessoal que não faz parte da geração que um dia girou o mundo com todas suas ideologias; não, esse pessoal não faz parte da geração da Disney mágica e brilhante. Faz parte de uma geração de Disney dos Jonas Brothers, do ácido cerebral chamado Lady Gaga e de uma série de correntes segurando o pensamento. E é justamente essa geração que maltrata a garota, como murros no estômago, uma raiva de ser de uma geração que não lhe pertence. Porque a sociedade atual ensinou todos se conformarem em serem iguais, banais,cegos, e surdos mas se esqueceu de ensinar como se livrar dela.

4 comentários:

Natália Corrêa disse...

Essa garota podia ter meu nome.

Gabriela Marques de Omena disse...

Simplesmente banal ser igual, mas sem perceber, querendo ou não, todos caminham no mesmo rumo. Geração, comunicação e falta de opinião.

Isa disse...

Marry, leia sobre os Provos, tenho certesza que você vai adorar.
Eles também tavam cansados da geraçãozinha "mandou-obedeci" deles e deram um jeito bem original de se revolucionar.
Eu me encantei, pelo menos.

Luciana disse...

Isso me lembra uma tirinha do Quino (autor da Mafalda, mas a tirinha não era da Mafalda) Ele fala basicamente da igualdade e da exclusão do diferente. Acho que foi sempre assim, a diferença mesmo é que antes, sim, haviam uma maior indgnação diferentes não ouvidos, hoje, somos muito mais acomodados, menos inquietos, menos revoltados.